Adílson reedita fórmula vencedora do Santos 2004, mas exagera na cautela
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Adílson reedita fórmula vencedora do Santos 2004, mas exagera na cautela
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Com a ótima base vencedora de 2010, jovens talentosos ganhando maturidade e reforços de qualidade inegável em sua maioria, o Santos iniciou a temporada criando enormes expectativas de um futebol ofensivo e envolvente.
Também porque é notório que o técnico Adílson Batista é defensor de uma proposta de jogo ousada, veloz e intensa. Mesmo com algumas formações inusitadas e “inventivas”, Corinthians e Cruzeiro buscavam o ataque com fúria. Parecia, e ainda parece, um casamento promissor na Vila Belmiro.
Nas primeiras partidas pelo Paulistão, Santos e Adílson corresponderam às expectativas. No estilo e nos resultados. Nas cinco primeiras rodadas, quatro vitórias, apenas um empate e a liderança com 16 gols a favor e seis contra. Mesmo com time “misto” por conta de ausências importantes (Arouca, Charles, Ganso e Neymar), a equipe teve fluência, volúpia e, mesmo com os costumeiros problemas defensivos, foi igualmente competitiva e empolgante.
Em meio a boas atuações de Léo, Maikon Leite, Zé Eduardo e Róbson, um grande destaque: Elano, de volta ao clube após cinco anos na Europa, encaixou seu estilo técnico e solidário dando cadência ao furor de seus companheiros de ataque e realçando uma virtude muitas vezes esquecida em seu repertório: a eficiência nas conclusões. Foram seis gols nas cinco primeiras rodadas (não atuou na estreia). Ora atuando ao lado de Róbson na articulação em um 4-2-2-2, ora aberto em um dos lados no 4-2-3-1 ou até como volante-meia num 4-3-1-2.
No entanto, mesmo com a invencibilidade no torneio regional, alguns tropeços fizeram Adílson repensar esquema e dinâmica de jogo. O resultado foi uma equipe bem mais cautelosa contra o Deportivo Táchira em San Cristóbal na estreia da Taça Libertadores, competição tratada com prioridade e que sempre sugere que uma formação mais “pesada” seja a mais indicada.
Mesmo com Neymar e Danilo de volta ao clube após o título do sul-americano sub-20 com a seleção e a fragilidade do oponente, teoricamente a quarta força do grupo 5 que ainda tem Colo Colo e Cerro Porteño, o Santos foi pragmático e claramente preocupado com a consistência defensiva.
Nem tanto pelo 4-3-1-2 com três volantes de ofício. Até porque Danilo e Pará promoveram interessante revezamento como lateral e volante pela direita e Arouca tentou sair para o jogo do lado oposto com Rodrigo Possebom mais plantado iniciando a saída de bola. O time é que se aventurou à frente muito menos que o habitual. Talvez pelo tradicional (e retrógrado) pensamento que empatar fora de casa é bom resultado. Desta vez não foi.
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O 4-3-1-2 em San Cristóbal travou o time pela pouca presença ofensiva que sobrecarregou Elano na armação e expôs o desentrosamento de Neymar e Diogo. De interessante, apenas o revezamento de Danilo e Pará pela direita.
Principalmente porque o Santos sempre foi perigoso quando atacou de forma minimamente organizada e com presença física na área, o que nem sempre foi possível pelo desentrosamento de Neymar e Diogo, atacantes de movimentação que precisam de sintonia para saber a hora de se posicionar como finalizador quando a jogada for criada pelo lado oposto.
Elano foi o meia de ligação, responsável pela distribuição de jogadas e carregando ainda a obrigação de aparecer no ataque para concluir. O camisa oito não comprometeu, mas encontrou dificuldades naturais por ter atuado assim pela primeira vez na temporada e não conhecer os dois avantes à sua frente.
O esquema, as características dos atacantes e o posicionamento de Elano remetem ao Santos campeão brasileiro de 2004. Naquele ano, o time de Luxemburgo deu liga na arrancada final que deixou o favorito Atlético-PR para trás com o 4-3-1-2 preferido do treinador, Deivid e Robinho abertos pelos lados entrando em diagonal para concluir e Elano centralizado, como um “enganche”.
O “segredo” de Vanderlei que não foi aproveitado por Adílson, que usou o esquema prioritariamente no Cruzeiro e no Corinthians, é que naquela equipe o responsável pela armação e pelos lançamentos era Ricardinho, mais recuado à esquerda. A principal atribuição de Elano era encostar na dupla de ataque e cair pelos lados, especialmente pela direita, formando um tridente ofensivo com a dupla fixa no ataque.
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Em 2004, o mesmo 4-3-1-2 sob o comando de Luxemburgo: Elano na ligação e Devid e Robinho abertos no ataque trocando de lado e entrando em diagonal.
Com tantas tarefas e pernas seis anos mais pesadas, Elano não rendeu o mesmo. As substituições não ajudaram, já que a estrutura tática foi mantida com Alex Sandro, Adriano e Zé Eduardo nas vagas de Léo, Pará e Diogo. Só nos minutos finais o meia abriu à direita, Arouca avançou um pouco pela esquerda e configurou-se algo próximo de um 4-2-2-2. Mas àquela altura o exausto Neymar não aguentava mais correr e o time dava claro sinais que o empate sem gols era satisfatório. Foi?
A boa notícia para Elano e o alvinegro praiano é que Ganso deve permanecer no clube e voltar em breve à equipe. Com o cerebral camisa dez e todas as peças disponíveis, Elano pode voltar a atuar pelos lados do campo. O 4-2-3-1 é solução interessante, ainda que falte uma opção inquestionável no centro do ataque.
Um losango no meio com Possebom, o melhor na Venezuela, ou Charles plantado, Elano à direita, Arouca pela esquerda e Ganso na ligação parece o desenho mais apropriado. Principalmente porque abre o corredor para o apoio alternado dos laterais e aproxima Neymar do gol adversário, o que sempre é interessante.
Seguindo a “receita” vencedora de 2004 ou buscando novos caminhos, o Santos é novamente a esperança de futebol arte em campos brasileiros. Que Adílson então volte a soltar as rédeas de seus comandados e acreditar que é possível vencer e encantar, mesmo no forte torneio continental.
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Fonte: GE
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