Rankings à la carte. Escolha o seu
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Rankings à la carte. Escolha o seu
Pediram-me para fazer um post sobre o fato de a revista Placar ter feito um ranking que não leva em conta a Unificação dos títulos brasileiros; dá um jeito de manter São Paulo e Flamengo nas duas primeiras posições e ainda escreve, ao final da matéria, que se julga com mais credibilidade do que a CBF. O que posso dizer de algo assim?
Como já escrevi em outro post, a arrogância não combina com o trabalho jornalístico, pois ela costuma fazer com que as pessoas se julguem mais importantes do que os fatos. Quem perde com isso é o leitor, que não recebe a notícia como ela é, mas como querem que ela seja.
Alguns jornalistas agem como pequenos ditadores. Por não terem um Egito para mandar, fazem de sua redação o seu pequeno feudo. Continuarão agindo assim até que o patrão perceba que está pagando alguém para transformar um veículo de informação, de interesse coletivo, em um canal pessoal, que atende a interesses suspeitos e particulares.
A história da Placar não lhe dá essa credibilidade que ela diz ter. O trabalho pela Unificação mostrou que, por ela, a Taça Brasil e o Torneio Roberto Gomes Pedrosa – as competições nacionais no período áureo do futebol brasileiro – seriam jogadas no ostracismo.
E a aprovação do Dossiê tem desmascarado alguns veículos, que, agora é evidente, boicotavam intencionalmente esse período pré-1971, provavelmente porque alguns times que lhes convêm não conquistaram nenhum título nacional entre 1959 e 1970. Como não conseguiram impedir a Unificação, agora tentam boicota-la. E só perdem com isso.
A idéia de se fazer rankings de clubes deve ter saído da cabeça de burocratas que nunca chutaram uma bola na vida. Como avaliar exatamente a importância de competições disputadas em épocas diferentes? Se a classificação óbvia, por quantidade de títulos, não chega a ser justa, quanto mais distribuir pontos por competição, ou, pior ainda, por colocação na tabela, ou por vitórias…
Essas aberrações podem fazer com que times que conquistaram menos títulos se coloquem à frente de outros com uma sala de troféus repleta. Até o torcedor do time “beneficiado” acha estranho quando o vê à frente de rivais muito mais bem-sucedidos.
Todo mundo sabe que na cultura do torcedor brasileiro o título é tudo. A diferença entre a taça e o vice-campeonato é abissal. Mas, para os geniais fazedores de rankings, essa diferença pode ser a mesma do 15º para o 16º, ou seja, um mísero pontinho. Dão 20 pontos para o campeão, 19 para o segundo, 18 para o terceiro e assim por diante. Veja que absurdo isso pode provocar:
Digamos que em dez anos um time seja três vezes campeão, termine em sexto lugar três vezes, em oitavo duas e em décimo outras duas vezes. E que uma outra equipe, no mesmo período, seja duas vezes terceira colocada, duas vezes quarta e termine em sexto lugar seis vezes. Pois bem, para os alquimistas dos rankings de futebol, o time que sequer chegou a uma final terá 160 pontos, contra 153 do que conquistou três títulos na década. Pode?
Quando se dá pontuações diferentes para competições idênticas e se oficializa ou desoficializa os eventos que se quer, é possível se chegar a qualquer resultado.
Quer colocar o São Paulo na ponta? Fácil. Desvalorize a Taça Brasil, que o São Paulo jamais disputou, por não ter sido campeão paulista no período; desvalorize o Campeonato Paulista na fase amadora, do qual o São Paulo não participou, pois ainda não tinha sido fundado; valorize mais os mundiais da Fifa, pois só São Paulo e Inter ganharam; desvalorize também o Rio-São Paulo e ignore algumas competições, como a Copa Rio, ganha pelo Palmeiras, e as Recopas Sul-americana e Mundial, vencidas pelo Santos. Moleza, né? Ops, acabei fazendo o ranking da Folha de São Paulo.
Quer colocar o Corinthians em primeiro? Supervalorize o Campeonato Paulista, dando-lhes mais pontos com a alegação de que era a competição mais importante para os times de São Paulo (estude dobrar a pontuação em 1954, ano do Centenário). Desvalorize a Taça Brasil e o Torneio Roberto Gomes Pedrosa, que o Corinthians não venceu. Dê nota máxima para o Mundial da Fifa, sob a alegação de que o primeiro deve valer mais. Ah, dê o mínimo de pontos para a Libertadores, claro.
Enfim, há muitas maneiras de se dirigir um ranking. Mas, já aviso: o leitor não é idiota e percebe logo quando estão tentando engana-lo. Por isso, se não quiser fazer papel ridículo e perder, sim, muita credibilidade, adote o caminho mais lógico para qualquer classificação entre clubes, que é o número de títulos conquistados.
Quando se tratar de campeões brasileiros, esse cálculo não exige prática ou perfeição. É só começar em 1959, com a primeira Taça Brasil, e ir contando ano a ano. Para facilitar, posso adiantar que Palmeiras e Santos têm oito títulos, depois vem o São Paulo, com seis; o Flamengo com cinco, o Corinthians com quatro, e por aí vai…
Faça um exercício. Escolha um time e tente criar um ranking em que ele aparece em primeiro lugar. Use sua criatividade…
Fonte: [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar este link]
Como já escrevi em outro post, a arrogância não combina com o trabalho jornalístico, pois ela costuma fazer com que as pessoas se julguem mais importantes do que os fatos. Quem perde com isso é o leitor, que não recebe a notícia como ela é, mas como querem que ela seja.
Alguns jornalistas agem como pequenos ditadores. Por não terem um Egito para mandar, fazem de sua redação o seu pequeno feudo. Continuarão agindo assim até que o patrão perceba que está pagando alguém para transformar um veículo de informação, de interesse coletivo, em um canal pessoal, que atende a interesses suspeitos e particulares.
A história da Placar não lhe dá essa credibilidade que ela diz ter. O trabalho pela Unificação mostrou que, por ela, a Taça Brasil e o Torneio Roberto Gomes Pedrosa – as competições nacionais no período áureo do futebol brasileiro – seriam jogadas no ostracismo.
E a aprovação do Dossiê tem desmascarado alguns veículos, que, agora é evidente, boicotavam intencionalmente esse período pré-1971, provavelmente porque alguns times que lhes convêm não conquistaram nenhum título nacional entre 1959 e 1970. Como não conseguiram impedir a Unificação, agora tentam boicota-la. E só perdem com isso.
Perdedores à frente
A idéia de se fazer rankings de clubes deve ter saído da cabeça de burocratas que nunca chutaram uma bola na vida. Como avaliar exatamente a importância de competições disputadas em épocas diferentes? Se a classificação óbvia, por quantidade de títulos, não chega a ser justa, quanto mais distribuir pontos por competição, ou, pior ainda, por colocação na tabela, ou por vitórias…
Essas aberrações podem fazer com que times que conquistaram menos títulos se coloquem à frente de outros com uma sala de troféus repleta. Até o torcedor do time “beneficiado” acha estranho quando o vê à frente de rivais muito mais bem-sucedidos.
Todo mundo sabe que na cultura do torcedor brasileiro o título é tudo. A diferença entre a taça e o vice-campeonato é abissal. Mas, para os geniais fazedores de rankings, essa diferença pode ser a mesma do 15º para o 16º, ou seja, um mísero pontinho. Dão 20 pontos para o campeão, 19 para o segundo, 18 para o terceiro e assim por diante. Veja que absurdo isso pode provocar:
Digamos que em dez anos um time seja três vezes campeão, termine em sexto lugar três vezes, em oitavo duas e em décimo outras duas vezes. E que uma outra equipe, no mesmo período, seja duas vezes terceira colocada, duas vezes quarta e termine em sexto lugar seis vezes. Pois bem, para os alquimistas dos rankings de futebol, o time que sequer chegou a uma final terá 160 pontos, contra 153 do que conquistou três títulos na década. Pode?
Como manipular um ranking
Quando se dá pontuações diferentes para competições idênticas e se oficializa ou desoficializa os eventos que se quer, é possível se chegar a qualquer resultado.
Quer colocar o São Paulo na ponta? Fácil. Desvalorize a Taça Brasil, que o São Paulo jamais disputou, por não ter sido campeão paulista no período; desvalorize o Campeonato Paulista na fase amadora, do qual o São Paulo não participou, pois ainda não tinha sido fundado; valorize mais os mundiais da Fifa, pois só São Paulo e Inter ganharam; desvalorize também o Rio-São Paulo e ignore algumas competições, como a Copa Rio, ganha pelo Palmeiras, e as Recopas Sul-americana e Mundial, vencidas pelo Santos. Moleza, né? Ops, acabei fazendo o ranking da Folha de São Paulo.
Quer colocar o Corinthians em primeiro? Supervalorize o Campeonato Paulista, dando-lhes mais pontos com a alegação de que era a competição mais importante para os times de São Paulo (estude dobrar a pontuação em 1954, ano do Centenário). Desvalorize a Taça Brasil e o Torneio Roberto Gomes Pedrosa, que o Corinthians não venceu. Dê nota máxima para o Mundial da Fifa, sob a alegação de que o primeiro deve valer mais. Ah, dê o mínimo de pontos para a Libertadores, claro.
Enfim, há muitas maneiras de se dirigir um ranking. Mas, já aviso: o leitor não é idiota e percebe logo quando estão tentando engana-lo. Por isso, se não quiser fazer papel ridículo e perder, sim, muita credibilidade, adote o caminho mais lógico para qualquer classificação entre clubes, que é o número de títulos conquistados.
Quando se tratar de campeões brasileiros, esse cálculo não exige prática ou perfeição. É só começar em 1959, com a primeira Taça Brasil, e ir contando ano a ano. Para facilitar, posso adiantar que Palmeiras e Santos têm oito títulos, depois vem o São Paulo, com seis; o Flamengo com cinco, o Corinthians com quatro, e por aí vai…
Faça um exercício. Escolha um time e tente criar um ranking em que ele aparece em primeiro lugar. Use sua criatividade…
Fonte: [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar este link]
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