Mundial de Basquete: Turquia arranca triunfo heroico sobre a Sérvia, avança à final e faz história
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Mundial de Basquete: Turquia arranca triunfo heroico sobre a Sérvia, avança à final e faz história
A torcida da Sérvia estava quase no teto do ginásio, escondida, abafada, gritando para ninguém ouvir. Tomado por 15 mil turcos fanáticos, o Sinan Erdem Dome fervia em vermelho. Dentro da quadra, no entanto, 12 valentes jogadores de branco se revezavam para cumprir a árdua missão: segurar a vantagem contra os donos da casa. Na maior parte do tempo, eles conseguiram. Lutaram até o fim contra o barulho, mas não conseguiram silenciá-lo. A Turquia emplacou uma reação fantástica nos minutos finais e viu o sonho se agigantar com uma bandeja de Tunçeri e um toco de Erden. Personagens que podem até não ser famosos no mundo do basquete, mas agora fazem parte da história do país. A vitória por 83 a 82, garantida apenas quando os últimos milésimos escorreram pelo relógio, coloca a equipe na inédita decisão do Mundial.
O desafio ainda não acabou, porque o rival deste domingo, às 15h30m, será a jovem e perigosíssima seleção dos Estados Unidos. Antes, às 9h, espanhóis e argentinos disputam o quinto lugar. Às 13h, sérvios e lituanos jogam pelo bronze.
Após muita festa no ginásio Sinan Erdem, em Istambul, Tunçeri e Erden deixaram a quadra como heróis. O primeiro virou o jogo com uma bandeja a cinco décimos do fim, após uma bobeada da defesa adversária. O segundo apareceu no lance seguinte para dar o toco no sérvio Velickovic. Juntos, fizeram explodir a torcida vermelha.
O cestinha turco foi Hedo Turkoglu, com 16 pontos, seguido pelos 14 de Onan. Tunçeri fez 12, e Erden contribuiu com nove. Pelo lado sérvio, destaque para Keselj, com 18, e para o armador Milos Teodosic, que deu show com 13 pontos, 11 assistências e seis rebotes.
Antes mesmo de o jogo começar, Teodosic passava o olho por todo o ginásio durante a execução do hino turco. Não com a cara de quem temia a pressão daquelas 15 mil vozes, mas de quem estava disposto a silenciá-las. Frieza suficiente ele tem e mostrou isso no último arremesso que fez diante da Espanha, negando aos atuais campeões a possibilidade de brigar pelo bicampeonato. Sob sua batuta, a Sérvia ditou o ritmo no primeiro tempo e fez os donos da casa jogarem atrás no marcador. Turkoglu tentava, sozinho, tirar seu time da situação incômoda e a torcida da angústia. Fez nove pontos, mas a resposta sempre vinha em bolas de três. O adversário não cedeu à pressão do "sexto jogador" e virou na frente: 20 a 17.
O técnico Bogdan Tanjevic tentou então buscar a saída entre seus reservas. Gonlum entrou bem e não conseguiu se perdoar quando roubou uma bola e errou na mão ao ligar o contra-ataque com Sinan Guler. Logo em seguida, o armador cortou para apenas um ponto o prejuízo (26 a 25). Só não podia esperar que Dusko Savanovic fosse, em menos de um minuto, fazer com que aquele esforço tivesse sido em vão. Ele anotou sete pontos seguidos e colocou o jogo novamente sob controle sérvio.
Com Ersan Ilyasova bem marcado, tudo ficava mais tranquilo. Menos a arquibancada. Ao término do segundo período, os torcedores tratavam de apontar o dedo e reclamar com o juiz, enquanto o capitão Turkoglu fazia o mesmo na quadra. Mas a vantagem ainda era dos rivais: 42 a 35.
Reclamações direcionadas aos jogadores, nunca. Na volta do vestiário, todos foram recebidos de pé e sob aplausos. E retribuíram ao conseguir o empate em 46 a 46 depois de uma cesta de Onan. Explosão, festa... e silêncio. Era Teodosic pouco depois, certeiro da linha de três, atento. Participou também dos três ataques seguintes que foram bem sucedidos, para desespero do adversário. A Turquia era obrigada a começar tudo de novo. Tirou proveito dos erros do outro lado e se aproximou mais uma vez. Mas não passou. E uma bobeada diante da equipe sérvia não costuma ser perdoada: 63 a 60 na virada para o quarto período.
Apesar da forte pressão dentro e fora de quadra, Teodosic e seus companheiros não se deixavam influenciar por ela. Ilyasova tinha acabado de jogar fora a oportunidade de tomar o comando do placar ao ver terminar no aro a bola que chutou sozinho do perímetro. Na volta, levou três pontos. Os mesmos recuperados por Türkoglu (66 a 64). Se nesse momento o sangue turco esquentava, o da Sérvia ficava ainda mais frio. O ousado armador encontrava Marko Keselj livre na linha dos três. Cesta. Resolveu ele mesmo fazer a sua depois (72 a 64).
Restando cinco minutos, o Sinan Erdem Dome estava de pé. Aquele abusado time visitante matava mais um arremesso longo. Era hora de Ilyasova deixar o banco e voltar para o jogo. Mas era o baixinho Kerem Tunçeri queme fazia a equipe respirar. E a 3m23s, depois de tanto se esforçar, conseguiu a virada (76 a 75). As mãos dos torcedores deixaram a cabeça e foram parar no alto.
Cantoria. O garrafão passou a ser bem guardado e até Teodosic era forçado ao erro. A 1m37s do fim, Savanovic sofreu falta e, do chão, torcia para que a bola caísse. Ela quicou e saiu. Na cobrança dos lances livres, um ponto só de diferença. O último minuto foi dramático. Erros de ambos os lados, até que Keselj, sofreu falta de Erden e conseguiu o empate.
Restavam 25 segundos, Erdem compensou aquela falta com uma enterrada (81 a 80). Respiração em suspenso. Velickovic encontrou espaço entre dois marcadores e recolocou a Sérvia na frente: 82 a 81. Com quatro segundos no relógio, Turkoglu recebeu, corre para a lateral e encontra Tunçeri (83 a 82). O tempo para mudar aquela história era de 0,5s. Não deu. Os sérvios tentaram jogar a bola dentro do garrafão, e ela chegou às mãos de Velickovic. O ala conseguiu soltar o arremesso, mas Erden voou à sua frente e deu um toco heroico. Histórico. Relógio zerado, vitória turca, e o time da casa está na final. Impossível é calcular o tamanho da histeria.
Fonte: GE
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O armador Tunçeri sobe para a bandeja da vitória, a cinco décimos do fim do jogo (Foto: Reuters)
O desafio ainda não acabou, porque o rival deste domingo, às 15h30m, será a jovem e perigosíssima seleção dos Estados Unidos. Antes, às 9h, espanhóis e argentinos disputam o quinto lugar. Às 13h, sérvios e lituanos jogam pelo bronze.
Após muita festa no ginásio Sinan Erdem, em Istambul, Tunçeri e Erden deixaram a quadra como heróis. O primeiro virou o jogo com uma bandeja a cinco décimos do fim, após uma bobeada da defesa adversária. O segundo apareceu no lance seguinte para dar o toco no sérvio Velickovic. Juntos, fizeram explodir a torcida vermelha.
O cestinha turco foi Hedo Turkoglu, com 16 pontos, seguido pelos 14 de Onan. Tunçeri fez 12, e Erden contribuiu com nove. Pelo lado sérvio, destaque para Keselj, com 18, e para o armador Milos Teodosic, que deu show com 13 pontos, 11 assistências e seis rebotes.
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Turkoglu foi o cestinha da Turquia (Foto: Reuters)
Antes mesmo de o jogo começar, Teodosic passava o olho por todo o ginásio durante a execução do hino turco. Não com a cara de quem temia a pressão daquelas 15 mil vozes, mas de quem estava disposto a silenciá-las. Frieza suficiente ele tem e mostrou isso no último arremesso que fez diante da Espanha, negando aos atuais campeões a possibilidade de brigar pelo bicampeonato. Sob sua batuta, a Sérvia ditou o ritmo no primeiro tempo e fez os donos da casa jogarem atrás no marcador. Turkoglu tentava, sozinho, tirar seu time da situação incômoda e a torcida da angústia. Fez nove pontos, mas a resposta sempre vinha em bolas de três. O adversário não cedeu à pressão do "sexto jogador" e virou na frente: 20 a 17.
O técnico Bogdan Tanjevic tentou então buscar a saída entre seus reservas. Gonlum entrou bem e não conseguiu se perdoar quando roubou uma bola e errou na mão ao ligar o contra-ataque com Sinan Guler. Logo em seguida, o armador cortou para apenas um ponto o prejuízo (26 a 25). Só não podia esperar que Dusko Savanovic fosse, em menos de um minuto, fazer com que aquele esforço tivesse sido em vão. Ele anotou sete pontos seguidos e colocou o jogo novamente sob controle sérvio.
Com Ersan Ilyasova bem marcado, tudo ficava mais tranquilo. Menos a arquibancada. Ao término do segundo período, os torcedores tratavam de apontar o dedo e reclamar com o juiz, enquanto o capitão Turkoglu fazia o mesmo na quadra. Mas a vantagem ainda era dos rivais: 42 a 35.
Reclamações direcionadas aos jogadores, nunca. Na volta do vestiário, todos foram recebidos de pé e sob aplausos. E retribuíram ao conseguir o empate em 46 a 46 depois de uma cesta de Onan. Explosão, festa... e silêncio. Era Teodosic pouco depois, certeiro da linha de três, atento. Participou também dos três ataques seguintes que foram bem sucedidos, para desespero do adversário. A Turquia era obrigada a começar tudo de novo. Tirou proveito dos erros do outro lado e se aproximou mais uma vez. Mas não passou. E uma bobeada diante da equipe sérvia não costuma ser perdoada: 63 a 60 na virada para o quarto período.
Apesar da forte pressão dentro e fora de quadra, Teodosic e seus companheiros não se deixavam influenciar por ela. Ilyasova tinha acabado de jogar fora a oportunidade de tomar o comando do placar ao ver terminar no aro a bola que chutou sozinho do perímetro. Na volta, levou três pontos. Os mesmos recuperados por Türkoglu (66 a 64). Se nesse momento o sangue turco esquentava, o da Sérvia ficava ainda mais frio. O ousado armador encontrava Marko Keselj livre na linha dos três. Cesta. Resolveu ele mesmo fazer a sua depois (72 a 64).
Restando cinco minutos, o Sinan Erdem Dome estava de pé. Aquele abusado time visitante matava mais um arremesso longo. Era hora de Ilyasova deixar o banco e voltar para o jogo. Mas era o baixinho Kerem Tunçeri queme fazia a equipe respirar. E a 3m23s, depois de tanto se esforçar, conseguiu a virada (76 a 75). As mãos dos torcedores deixaram a cabeça e foram parar no alto.
Cantoria. O garrafão passou a ser bem guardado e até Teodosic era forçado ao erro. A 1m37s do fim, Savanovic sofreu falta e, do chão, torcia para que a bola caísse. Ela quicou e saiu. Na cobrança dos lances livres, um ponto só de diferença. O último minuto foi dramático. Erros de ambos os lados, até que Keselj, sofreu falta de Erden e conseguiu o empate.
Restavam 25 segundos, Erdem compensou aquela falta com uma enterrada (81 a 80). Respiração em suspenso. Velickovic encontrou espaço entre dois marcadores e recolocou a Sérvia na frente: 82 a 81. Com quatro segundos no relógio, Turkoglu recebeu, corre para a lateral e encontra Tunçeri (83 a 82). O tempo para mudar aquela história era de 0,5s. Não deu. Os sérvios tentaram jogar a bola dentro do garrafão, e ela chegou às mãos de Velickovic. O ala conseguiu soltar o arremesso, mas Erden voou à sua frente e deu um toco heroico. Histórico. Relógio zerado, vitória turca, e o time da casa está na final. Impossível é calcular o tamanho da histeria.
Fonte: GE
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