O Trem da vida
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O Trem da vida
Uma viagem de trem
Um trem corre veloz para o seu destino. Luzidio. Corta os campos como uma seta. Fura as montanhas. Passa os rios. Desliza como um fio em movimento. Sem obstáculos. Fagueiro. Perfeito na forma, na cor, na velocidade.
Lá dentro se desenrola o drama humano. Gente de todas as gentes. Homens e mulheres, velhos, jovens e crianças. Gente que conversa. Gente que cala. Gente que trabalha. Gente que deixou de trabalhar. Gente de negócios, preocupada. Gente que contempla a paisagem, serenada. Gente que cometeu crimes. Gente que gastou a vida servindo a outros. Gente que pensa mal de todo mundo. Gente solar que se alegra com o mínimo de luz em cada pessoa e circunstância. Gente que adora ou detesta viajar de trem. Gente que é contra o trem. Não deveria haver trens, dizem. Ferem a sacralidade das montanhas. Gente que planeja trens mais rápidos. Gente que errou de trem. Gente que não se questiona. Sabe que está no rumo certo. E sabe a que horas chega em sua cidade. Gente ansiosa que corre para os primeiros vagões no afã de chegar antes que os outros. Gente estressada que quer retardar o mais que pode a chegada e se coloca nos últimos vagões. E absurdamente gente que pretende fugir do trem, andando na direção oposta ao trem.
E o trem impassível segue o seu destino, traçado pelos trilhos. Despreocupadamente carrega a todos. Não carrega menos o criminoso que a pessoa de bem. E não deixa de carregar gentilmente também seus contraditores. A ninguém se furta. Serve a todos e a todos propicia uma viagem que pode ser esplendorosa e feliz. E garante deixá-los na cidade inscrita em sua rota.
Neste trem, como na vida, todos viajam gratuitamente. Uma vez em movimento, não há como fugir, descer ou sair. Está entregue à lógica da linha do trem. A liberdade se realiza dentro do trem e na direção que tomou. Cada um pode ir para frente ou para trás. Pode querer mudar de vagão, viajar sentado ou de pé, deter-se longamente no vagão-restaurante ou fugir do controle, escondendo-se nos banheiros. Pode gozar da paisagem ou se aborrecer com os vizinhos de assento. Pode viajar rezando ou blasfemando a vida e seus dissabores. Nem por isso o trem deixa de correr para o seu destino infalível e carregar a todos cortesmente.
Há gente que decididamente acolhe o trem. Alegra-se com sua existência. Desfruta as paisagens. Faz amizades com companheiros de viagem. Lá onde está sentado, preocupa-se para que todos se sintam bem. E irrita-se quando vê maltratarem as poltronas e adverte os que escrevem grafitis nas paredes das cabines. Mas não perde o sentido da viagem nem por causa das querelas nem por causa do desfrute.
Como é maravilhoso que exista um trem e que nos leve tão depressa para casa, onde cada um é esperado com ansiedade quando os abraços serão longos e a alegria intensa e transbordante.
Lá dentro se desenrola o drama humano. Gente de todas as gentes. Homens e mulheres, velhos, jovens e crianças. Gente que conversa. Gente que cala. Gente que trabalha. Gente que deixou de trabalhar. Gente de negócios, preocupada. Gente que contempla a paisagem, serenada. Gente que cometeu crimes. Gente que gastou a vida servindo a outros. Gente que pensa mal de todo mundo. Gente solar que se alegra com o mínimo de luz em cada pessoa e circunstância. Gente que adora ou detesta viajar de trem. Gente que é contra o trem. Não deveria haver trens, dizem. Ferem a sacralidade das montanhas. Gente que planeja trens mais rápidos. Gente que errou de trem. Gente que não se questiona. Sabe que está no rumo certo. E sabe a que horas chega em sua cidade. Gente ansiosa que corre para os primeiros vagões no afã de chegar antes que os outros. Gente estressada que quer retardar o mais que pode a chegada e se coloca nos últimos vagões. E absurdamente gente que pretende fugir do trem, andando na direção oposta ao trem.
E o trem impassível segue o seu destino, traçado pelos trilhos. Despreocupadamente carrega a todos. Não carrega menos o criminoso que a pessoa de bem. E não deixa de carregar gentilmente também seus contraditores. A ninguém se furta. Serve a todos e a todos propicia uma viagem que pode ser esplendorosa e feliz. E garante deixá-los na cidade inscrita em sua rota.
Neste trem, como na vida, todos viajam gratuitamente. Uma vez em movimento, não há como fugir, descer ou sair. Está entregue à lógica da linha do trem. A liberdade se realiza dentro do trem e na direção que tomou. Cada um pode ir para frente ou para trás. Pode querer mudar de vagão, viajar sentado ou de pé, deter-se longamente no vagão-restaurante ou fugir do controle, escondendo-se nos banheiros. Pode gozar da paisagem ou se aborrecer com os vizinhos de assento. Pode viajar rezando ou blasfemando a vida e seus dissabores. Nem por isso o trem deixa de correr para o seu destino infalível e carregar a todos cortesmente.
Há gente que decididamente acolhe o trem. Alegra-se com sua existência. Desfruta as paisagens. Faz amizades com companheiros de viagem. Lá onde está sentado, preocupa-se para que todos se sintam bem. E irrita-se quando vê maltratarem as poltronas e adverte os que escrevem grafitis nas paredes das cabines. Mas não perde o sentido da viagem nem por causa das querelas nem por causa do desfrute.
Como é maravilhoso que exista um trem e que nos leve tão depressa para casa, onde cada um é esperado com ansiedade quando os abraços serão longos e a alegria intensa e transbordante.
(Leonardo Boff, IN: Graça e Experiência Humana)
Luiz Cruz- Colaboratech
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Minha Frase : "Tempus fugit, carpe diem."
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