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Mensagem por Hi-Tech 13/10/08, 07:04 pm

FUTEBOL

O
PAPEL DO SNC NA FORMAÇÃO DE CRAQUES


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No futebol moderno só
entra em campo o profissional treinado,
alimentado, moldado, conscientizado para superar os limites de velocidade,
agilidade, fôlego e potência do chute. Foi-se o tempo que o esporte era
conhecido apenas pela garra e talento dos atletas naturalmente bem
dotados.

Hoje, jogadores com visão de jogo e que dominam a bola devem ter
essas qualidades somadas à habilidade de correr atrás do adversário
como “felino” e de evitar ser derrubado por um “safanão”. E por
isso é necessário que se desenvolva fisicamente um jogador técnico,
para que ele não seja anulado por um atleta não-técnico que tenha
preparo físico.

No processo de formação do jogador técnico,
vários sistemas corporais estão envolvidos. Analisaremos, aqui, o
envolvimento do sistema nervoso central (SNC) nesse processo de formação.


O nível mais alto, representado pelas
áreas de associação do [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar este link] e
pelos gânglios basais do
encéfalo
(núcleo
caudado, Putamen, núcleo Pálido),
está envolvido com a estratégia: a finalidade e a estratégia do
movimento que melhor atinge a meta. O nível Intermediário,
representado pelo córtex motor e pelo [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar este link], está relacionado
com a tática: as seqüências de contrações musculares,
arranjadas no espaço e no tempo, necessárias para ativar, de forma suave
e acurada, a meta estratégica. O nível mais baixo, representado
pelo [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar este link] e pela [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar este link], guarda relação
com a execução: ativação do neurônio
motor e de conjuntos de interneurônios
(neurônios de associação) que geram o movimento direcionado à meta e
faz qualquer ajuste postural que seja necessário.

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Para avaliar as diversas contribuições dos
três níveis hierárquicos ao movimento, considere as ações de um
atacante-cobrador de pênalti parado em frente ao gol, pronto para
lançar a bola. Com base na visão, audição, sensação exata acerca de
onde o corpo está no espaço, estratégias devem ser
delineadas para mover o corpo do estado atual para um outro, no qual o lançamento
é realizado e o efeito desejado obtido. Várias opções – um lançamento
curvo, um lançamento rápido, um lançamento articulado, entre outros –
estão disponíveis, e essas alternativas são filtradas através dos gânglios
basais e de volta ao córtex até que a decisão seja tomada baseada, em
grande parte, na experiência. As áreas motoras do córtex e do cerebelo
tomam, então, a decisão tática (jogar a bola ao gol) e
enviam instruções para o tronco encefálico e para a medula espinhal. A
ativação de neurônios no tronco e na medula levam, então, à execução
do movimento
. A ativação, em tempo
apropriado, de neurônios motores (motoneurônios) na região lombar, gera
um movimento coordenado da coxa, perna e pés, enquanto ajustamentos
posturais na região cervical e torácica evitam que o jogador caia
durante o lance.

Enquanto isso, neurônios motores do tronco encefálico do goleiro são
ativados para manter seus olhos fixos na posição do atacante, enquanto
seu corpo e sua cabeça se movem.

Hierarquia do controle motor

Nível

Função

Estruturas

Alto

Estratégia

Áreas de associação do neocórtex, gânglios
da base

Médio

Tática

Córtex motor, cerebelo

Baixo

Execução

Tronco encefálico, medula



De acordo com as leis da física, o movimento
de uma bola arremessada no espaço é balístico, isto é, uma
trajetória que não pode ser alterada. O movimento do jogador quando lança
a bola também pode ser descrito como balístico, pois uma vez
iniciado não pode ser alterado.

Informações sensoriais antes do
movimento ser iniciado são essenciais para determinar a posição inicial
dos membros inferiores e do tronco e para antecipar qualquer mudança na
resistência durante o arremesso da bola. E informação sensorial durante
o movimento também é importante – não necessariamente para o
movimento que está sendo executado, mas para melhorar movimentos
similares subseqüentes.

No nível mais alto, a informação sensorial gera uma imagem mental do
corpo e sua relação com o ambiente. No nível intermediário, as decisões
táticas são baseadas nas memórias das informações sensoriais de
movimentos passados. No nível mais baixo, a retroalimentação sensorial
é utilizada para manter a postura, a extensão muscular e a tensão antes
e após cada movimento voluntário.

À medida que as hierarquias sensoriais atingem um pico, também começam
a convergir. Em áreas especiais, como o hipocampo, os neurônios começam
a disparar, em resposta a combinações de ruídos, visões, cheiros e
outras sensações. Mas o hipocampo não espera que todas as informações
cheguem de uma só vez para decidir responder. Vai soltando mensagens a
cada pedaço de informação ou sensação. O disparo do hipocampo faz
prestar atenção a outras imagens, Ele reflete o fato de que certos
detalhes existem, espalhados pelo resto do circuito sensorial.

Em conseqüência, dispara novamente.

Resumindo, a informação inicial leva à formação de
uma resposta cerebral, que é usada para dirigir a atenção e coletar
mais informações, que novamente são enviadas ao cérebro. Esse processo
permite que o hipocampo seja um órgão de memória, já que toda conexão
sináptica é moldada por experiência. O hipocampo está posicionado para
reter memórias específicas, capturar determinada imagem ou estado
sensorial e, então, usar essa informação horas ou mesmo anos depois
para reconstruir um momento.

Os mais alto níveis do cérebro são as cerca de 12 áreas de
processamento que formam os lobos frontais. Tais áreas processam o que é
significativo e merece análise mais profunda (e não rotineiro).

Quando um pedaço da atividade visual, que tem a forma de uma bola, por
exemplo, atinge essa parte do cérebro, uma experiência nítida pode começar
a se manifestar.

Agindo em comum acordo com os centros da excitação e emoção do
cérebro
inferior
, com os quais têm conexões íntimas, os lobos pré-frontais
entram em estado de alerta. Presta atenção tem o efeito de definir a
experiência sensorial. O córtex sensorial começa respondendo ao
panorama maior – a bola – e depois a outras imagens. A atenção
retorna a tudo para criar contraste. Aumenta o “volume” dos neurônios
que representam a bola e empurra detalhes irrelevantes, como a presença
do juiz ou colegas de time para a periferia da percepção.

Essa é uma das vantagens de o cérebro funcionar mais como rede orgânica
de conexões do que como dispositivo de entrada e saída. As áreas de
“saída” podem voltar para trás a fim de alterar as próprias
entradas. Qualquer entrada começa com uma sugestão: “Ei, posso ser
importante!” Muitas são analisadas, e eventualmente pode haver uma
resposta do tipo: “Sim, você era o pedaço que interessava”. As vias
do cérebro desenvolvem uma solução.

Quando se fixa a atenção em certo detalhe ocorre um enorme fluxo de
pensamentos, emoções e associações. A totalidade do cérebro é
preparada para responder ao evento focal com todos os recursos disponíveis.
Portanto, perceber a visão da bola traz à superfície associações
mentais armazenadas. Mesmo no momento em que o jogador reconhece a bola,
pensamentos relevantes começam a efervescer dentro dele. Existe adversário
na vizinhança? Devo levar a bola até o gol ou dar passe? Os centros de
excitação irão tomar decisões sobre preparar o corpo para a ação. As
áreas motoras, atrás das regiões pré-frontais na lâmina do córtex
frontal, estarão engrenando para executar intenções que começam a se
formar.

O cérebro aprende a totalidade de cada movimento e extrai (responde
também) o aspecto central.

Bons jogadores de futebol precisam de reflexos incríveis. No jogo
profissional, um chute potente pode fazer a bola rolar a mais de 200 Km
por hora e entrar na rede em 1/3 de segundo. Mal dá tempo para um
principiante enxergar a bola. Mas os melhores jogadores conseguem ver a
bola nitidamente para se lançar ao ataque e ainda driblar o adversário
com uma precisão de fração de segundo.

Apesar de parecer que o sistema nervoso trabalha à velocidade de um
raio, não é bem assim. Mesmo conduzindo sinais a várias centenas de
quilômetros por hora, os nervos necessitam de tempo para transformar
entrada em saída. Leva ao menos 20 milésimos de segundo para as
mensagens percorrerem o comprimento do corpo. Os sinais visuais levam em
torno de 50 a 100 milésimos de segundo para chegar ao cérebro. Uma vez
dentro dele, outras conexões são necessárias para transformar sinais
brutos em resposta mental. Totalize esses atrasos e seria impossível
acompanhar uma bola indo diretamente ao gol.

De fato, experimentos laboratoriais mostram quanto tempo o cérebro leva
para integrar novas informações. Quando se pede jogadores iniciantes que
chutem a bola assim que a luz pisca, eles levam 200 milésimos de segundo,
1/5 de um segundo. Cerca de 120 milésimos de segundo são necessários
para registrar o fato de que a luz piscou e outros 80 para dar o chute.
Esse tempo é necessário para uma simples tarefa que não exige
pensamento. Para qualquer outra que
requer atenção, o atraso da resposta fica próximo de meio segundo.

O cérebro de profissionais treinados simplifica o problema gastando o
menor tempo possível.

Para subir e descer até o fim da hierarquia de processamento, a
resposta mental leva meio segundo. Criar pontes entre centenas de áreas
corticais exige trabalho. O cérebro pode criar atalhos nessa resposta e
reagir fora dos padrões, cortando o tempo de processamento de 500 milésimos
de segundo para apenas 200. Existem estruturas cerebrais especializadas
nesse trabalho. Um agrupamento de centros nervosos, os gânglios basais,
abriga-se dentro dos hemisférios cerebrais, “observando”
silenciosamente os padrões de atenção e a tomada de decisões na lâmina
cortical acima. Em vigilância, os gânglios basais começam a ver quais
padrões sensoriais produzem mais tarde determinada resposta. Eles poderão
fazer, literalmente, um curto-circuito para a produção daquele estado de
saída. Assim que o tipo certo de sensação começa a chegar, os gânglios
basais poderão disparar a mesma resposta de maneira imediata, sem pensar.
A tarefa será feita como se o cérebro superior tivesse ponderado
cuidadosamente a sua resposta. Esse é um truque inteligente para poupar
tempo, que funciona quando o cérebro experimenta a mesma situação em
ocasiões suficientes para conseguir uma conexão na forma de hábito.
Isso vai reverter em um padrão de ação fixa ou automatismo. Mas tal
atalho só reduz o atraso na resposta de meio segundo para 1/5 de segundo.

Os “cérebros” antecipam, ficam craques em adivinhar. Podem supor
que cada novo momento será parecido com o anterior. Mesmo que exista
surpresa, aquilo que o cérebro registrou um segundo atrás continuará
sendo verdadeiro no futuro, gerando expectativas sobre o que virá.

Os gânglios basais não são a única parte do cérebro que vigia as
atividades do córtex e aprende com elas. O cerebelo é um órgão
especializado no ajuste fino do encadeamento temporal dos movimentos. O
cerebelo responde por apenas 1/10 do volume do cérebro, mas contém bem
mais da metade de seus neurônios; possui muito mais células nervosas que
o córtex “inteligente”. Um neurônio do cerebelo faz 20 vezes mais
conexões sinápticas, quase 200 mil, em comparação com cerca de 10 mil,
para um neurônio cortical mediano.

O cerebelo usa alças de processamento muito simples, perfeitas para a
sincronia das ações, e não para formar um quadro complexo da consciência.
Esta é a tarefa do córtex, com suas conexões ramificadas e seus mapas
sensoriais.

É certamente assim que os atletas competem. Agem sobre previsões.
Experimentos mostram que os goleiros profissionais conseguem adivinhar a
direção da bola em um pênalti, observando apenas o movimento do
atacante. O primeiro instante do vôo da bola é suficiente para
extrapolar toda sua trajetória. Caso a bola voe de maneira imprevisível
a menos de 200 milésimos de segundo, não haverá tempo para ajustes. O
goleiro irá girar o corpo segundo uma previsão errada. Resultado: perderá
a bola. Os profissionais lêem o jogo, contam com a antecipação. Nós
fazemos exatamente o mesmo para lidar com situações corriqueiras.
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