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Aplicação da classe gramatical: Pronome

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Mensagem por Johnny-Five (J5) 29/05/11, 02:31 pm

Os pronomes pessoais, caso reto, que são poucos, em língua portuguesa, oferecem dificuldades. No entanto, no uso na linguagem coloquial brasileira - porque nós quase que deixamos de lado a segunda pessoa, singular e plural, tu e vós, e preferimos usar você (s), contrariando a norma de além-mar - dizemos que você é segunda pessoa (com quem se fala), mas usamos o verbo e os pronomes possessivos na terceira pessoa, o que confunde os usuários: Você vai panfletar para o seu candidato?

Nos pronomes caso oblíquo, a confusão é maior, porque nunca sabemos onde devemos pô-los: Dar-lhe-ei um presente no Dia dos Pais. Quem de nós usa uma frase dessas no cotidiano?

Quanto aos pronomes de tratamento, a dificuldade é mais evidente, pois a maioria não sabe como usar o verbo e o pronome possessivo com Vossa Excelência, Vossa Senhoria e outros mais

“Vossa Excelência defendereis vossa ou defenderá sua posição na Câmara?” Qual o correto, Vossa ou Sua excelência? O pronome e o verbo devem sempre estar na terceira pessoa, mas se o interlocutor é a Excelência, deve ser usado Vossa; quando é o assunto, deve ser Sua Excelência.

Diz-se, assim, Vossa Excelência discursará hoje?, dirigindo-se diretamente ao deputado, mas falando sobre ele, deve ser dito: Sua Excelência discursará hoje.

Aliás, a língua portuguesa é um primor de exagero e preconceito quando o assunto é pronome de tratamento. Eles são resultantes da estratificação social rígida nas sociedades de língua portuguesa, onde é necessário que se coloque etiquetas nos interlocutores e que se marque o afastamento ou a aproximação no início da fala. É a marca da escala social com que se mede a importância do indivíduo.

Nas sociedades de língua francesa resolve-se a questão com o tu ou vous. Em inglês, simplifica-se com o you. Em português, contudo, esta é uma questão bastante complexa, que pode causar embaraços nas relações, além de ruído na comunicação.

A hierarquia social obriga-nos a dirigirmo-nos a uma pretensa qualidade de que se veste o interlocutor, detentor de um cargo ou posição superior, reforçando distâncias e vaidades: Excelência, Eminência, Magnificência, Alteza, Senhoria, intensificado pelo superlativo em Reverendíssima. Embora nem sempre possuam a qualidade evidenciada no substantivo abstrato, é o tratamento obrigatório dispensado às autoridades (e ai de quem esquecer!)

Nenhuma língua, entre as latinas ou mesmo ocidentais, possui uma gama tão grande de virtudes encarnadas nos representantes do poder, seja público, seja privado. Em nenhuma cultura é tão necessário marcar a distância social logo na abertura da comunicação. As expressões de tratamento são em grande número, indo desde as já citadas até o familiar você, passando pelo cotidiano senhor e senhora.

Além desses acima, temos o simpático você, corruptela de Vossa Mercê, preferido no Brasil. Useiros e vezeiros somos de senhor, forma com que tratamos até os mais humildes, por temor de que se estabeleça uma intimidade indesejada. Senhor reduziu-se ao popular seu, corruptela que convergiu para um homônimo do possessivo. Dona, do latim domina, é o correspondente feminino, permanecendo o Dom, como título: “Seu João, quanto está o quilo do tomate? - Cada vez mais caro, dona.”

A gente substitui nós na linguagem coloquial e só traz problema quando é escrito agente ou leva o verbo para o plural: A gente somos inútil. Pior, impossível!

Cara já iniciou o caminho para o uso como pronome de tratamento. O cara foi assaltado e perdeu o emprego traz linguagem e situação próprias dos dias de hoje.

Os pronomes de tratamento colocam os interlocutores nos seus devidos lugares, justa ou injustamente reservados pela comunidade e, do ponto de vista gramatical , vão exigir que o tipo de tratamento não seja alterado no decorrer da comunicação.

Fonte: Dicas de Português - Nelly Carvalho
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