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História da Belle Époque da França

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Mensagem por Hi-Tech 24/04/09, 12:46 pm

A Belle Époque como guia da modernidade
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por José Carlos da Silva Cardozo
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Esse
período chegou repleto de transformações nas comunicações, nos transportes e no
trabalho, trazendo ainda mais força às afirmações otimistas sobre o futuro do
homem. Se antes, demorava a chegar uma informação agora em poucas horas se tinha
acesso a ela através do telefone ou do rádio; se antes o animal era o veículo
inseparável do homem para transpor as distâncias; agora havia o carro, o navio a
vapor e o mais sensacional de todos: o avião; e quanto ao trabalho, a produção
manual foi gradativamente substituída pela produção em máquinas, gerando mais
produtos em menos tempo e a custos reduzidos.



O
histórico dessas transformações se inicia nos anos entre 1400 e 1700, período da
Revolução Comercial, atingindo em particular, o setor de circulação das
riquezas, ampliando o espaço geográfico, sendo que esta ampliação foi
patrocinada pela burguesia, a qual moldava a nova sociedade, voltando-a para a
economia de mercado e a europeização do mundo; nessa época também surge o
Capitalismo como sistema social e econômico fundamentado, essencialmente, no
lucro.


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Mensagem por Hi-Tech 24/04/09, 12:46 pm

Com o
início do século XVIII, na Inglaterra, surgiu a Segunda Revolução Econômica que
se caracterizou como um processo de desenvolvimento da indústria, chamada também
de a Primeira Revolução Industrial (1760-1860). Houve assim, revolução técnica,
ocorrendo uma mudança no sistema de produção das fábricas, deixando-se de
produzir os artigos completos para produzi-los em etapas; agora os produtores
eram transformados em proletários e os meios de produção pertenceriam
exclusivamente à burguesia. Esse foi um período caracterizado pela força do
vapor nas máquinas, o uso do carvão como combustível e o ferro como material
indispensável à indústria.



Após
1860, surge a Segunda Revolução Industrial (1860 até nossos dias) que se torna a
mais importante, pois deu a motivação final para a realização dos desejos
burgueses. Essa época foi caracterizada pela utilização da eletricidade no lugar
do vapor, o petróleo no lugar do carvão e o aço no lugar do ferro, além dos
expressivos avanços nas comunicações.



Com
essas Revoluções, a vida urbana adquiriu novas formas, atingindo principalmente
o mundo rural, fazendo a burguesia conquistar as lideranças no poder das
cidades, que estavam se tornando basicamente o espaço das indústrias que, com
suas diversificadas tarefas e atividades, atraíam inúmeras pessoas na busca de
melhores condições de vida.



Todas
essas rápidas transformações promovidas pela Segunda Revolução Industrial se
realizaram em um curto período de tempo, sendo caracterizadas posteriormente
como a Belle Époque (Bela Época), pois antes dela não tinha se vivido tão
intensamente a expectativa de um futuro melhor, facilitado pela difusão da
ciência.



Azevedo
(1999) refere que Belle Époque é a expressão francesa utilizada para
indicar um período de tranqüilidade da sociedade, no qual se manifestou a
supremacia burguesa[2]
nos grandes centros europeus.



O
historiador Hobsbawm (1992) comenta que:



De
meados dos anos de 1890 à Grande Guerra, a orquestra econômica mundial tocou no
tom maior da prosperidade [...]. A afluência, baseada no boom econômico,
constituía o pano de fundo do que ainda é conhecido como ‘a bela época’ (Belle
Époque). (HOBSBAWM, 1992, p.73).



Com o
desenvolvimento da produção industrial e o avanço científico-tecnológico
modificou-se a vida da burguesia francesa que serviria, posteriormente, de
modelo para o novo estilo de vida das sociedades, pois, Paris dispunha da
reputação de ser “o centro universal do bem-estar, do conforto e da riqueza”
(AZEVEDO, 1999).



A
burguesia, então, investia nas realizações de mostras mundiais para exibir seus
mais novos inventos e produtos, revelando através deles as marcas do progresso
que estavam sendo promovidas pela ciência. Zerefino (2007) afirma que “a idéia
de um mundo construído sob a imagem envaidecida da burguesia ganha status de
notável materialidade” (ZEFERINO, 2007, p.22), e que desde a primeira exposição,
em 1851, até a Primeira Guerra Mundial houve 14 mostras chamadas de Exposições
Universais[3].
Elas ocorreram em vários países, sendo que a cidade de Paris foi sede desse
evento mundial por cinco vezes, sempre guiadas pelo espírito da modernidade e
dos novos tempos, o que motivava ainda mais a burguesia e enchia de espanto e
admiração o povo.



No
entanto, acompanhando o desenvolvimento tecnológico e a euforia burguesa houve o
crescimento populacional nos grandes centros urbanos, se diferenciando da antiga
vida rural, causando problemas para a elite burguesa que perdia o controle sobre
essa massa.



O campo
estava destinado à agricultura e ao lazer já a cidade ia se tornando conhecida
pela intensa circulação de pessoas impulsionadas pelo crescimento industrial e
pela oferta de empregos que isso oferecia. Essas modificações do estilo de vida
estavam relacionadas ao crescimento demográfico desses centros, gerando
concomitantemente as crises urbanas e as desigualdades sociais (PAZIANI, 2004).



Essas
cidades cresciam cercadas por inúmeras limitações, colocando cada vez mais
empecilhos ao seu próprio desenvolvimento, assim comentado por Benvenutti
(2004):



A falta
de sistemas de esgoto e rede de abastecimento de água potável, as péssimas
condições das habitações operárias e das fábricas e a aglomeração cada vez mais
intensa de uma multidão miserável necessária às fábricas e às indústrias
geravam, por sua vez, inúmeros problemas de ordem higiênica, como a proliferação
de doenças e epidemias e problemas de ordem social como as revoltas e os
movimentos populares, que não raramente explodiam em violência (BENVENUTTI,
2004, p. 9).



O
trabalhador que chegava à cidade tinha somente sua força de trabalho a oferecer
para uma burguesia que o explorava, pois sem uma legislação social que o
protegesse, tornava-o suscetível a constantes opressões. Tendo-se em vista que a
procura de trabalho era maior que a oferta, geraram-se conflitos sociais entre
aqueles que detinham os meios de produção e aqueles que desejavam se inserir no
mercado produtor. Os trabalhadores, ao aceitarem as condições impostas pela
burguesia, que ao mesmo tempo em que os empregava (dando-lhes a esperança de
melhorar de vida), impossibilitava-os que tivessem moradia e alimentação dignas
frente aos baixos salários pagos e os altos impostos cobrados. Assim, esses
acabavam morando em verdadeiros cortiços fétidos e insalubres, contrariando o
espírito de progresso que era desejado pelos burgueses, que os tratavam como
ameaças as suas intenções modernizadoras.



Diante
da iminência desses conflitos, Haussmann, o prefeito de Paris no período da
Belle Époque
, preocupado em controlar possíveis revoltas populares, deu
início à abertura das ruas, transformando-as em largas e grandes avenidas, que
possibilitariam a circulação da tropa contra seu adversário da ordem: o povo.
Essa forma de articular a ação para poder prever uma reação revela como a
burguesia estava a lidar com os problemas sociais.
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Mensagem por Hi-Tech 24/04/09, 12:47 pm


Concomitantemente, surgiram novas regras, com a alegação da necessidade de
modernizar, de cuidar da higiene e da saúde dessa população, fazendo com que
aqueles não se adequassem a essas regras fossem retirados do centro e da vista
de todos. Essa foi uma das maneiras de agir da elite burguesa que desejava se
livrar dos elementos problemáticos de sua sociedade. Também essas regras
serviram para a captação de investimento industrial, buscando nas grandes
capitais homens ricos, disciplinados, com boa saúde e higiênicos; formalizando
assim o desejo de regularizar os hábitos do povo, arejando o ambiente, isolando
o lixo e as doenças. Esse interesse em instituir novas normas de higiene estava
ligado não só a questões científicas, mas também a questões comerciais. Essa
forma de promover o progresso estava ligada a oportunidades de investimentos na
cidade atraídos pela estética, pela higiene e pela técnica (BENVENUTTI, 2004;
PESAVENTO, 2002).



Contudo
essas reformas provocaram conflitos promovidos pelos populares de Paris contra a
administração, que não apresentava interesse em solucionar as necessidades do
povo. Essa população já havia demonstrado sua insatisfação através das batalhas
emblemáticas das revoluções de 1789 e 1848[4].
Era desejo da burguesia acabar com os vestígios dessa última revolução[5],
da Paris do século XIX. Para isso, um grupo de técnicos propôs soluções que
permitiram invadir e modificar toda vida dos pobres. A burguesia queria
que nada atrapalhasse o desenvolvimento. Fortes ações foram promovidas, como nos
informa Bresciani (2004):



As
portas de suas casas foram abertas, seus interiores vasculhados, sua conduta
avaliada, seus valores morais aquilatados. O arsenal de informações colhidas e
sistematizadas fornece as bases sobre as quais a família do pobre se transforma
numa realidade social
[6]
passível de ser estudada cientificamente. Essa Paris do século XIX,
reformada em seus hábitos, em seus costumes e seus espaços, na qual a multidão
dos pobres perde suas próprias raízes, foi capaz de abrigar ainda por um momento
a efervescência revolucionária. (BRESCIANI, 2004, p.120-121).



Assim
“as contradições vividas pelas sociedades levavam suas elites a impor, cada vez
mais, um processo amplo de reformas urbanas [...]” (PAZIANI, 2004, p.169).



As
modificações foram tão invasivas que a família[7]
tornou-se um dos objetos para a regularização social desse período, no qual “a
definição das relações entre o Estado e a sociedade civil, entre o coletivo e o
individual, passa a ser o principal problema” (PERROT, 1997, p.93). Pois essa
família era entendida como gerenciadora dos interesses privados, e o bom
andamento desta era fundamental para o progresso dos Estados e da humanidade.
“[...] Como célula reprodutora, ela produz as crianças e proporciona-lhes uma
primeira forma de socialização” (PERROT, 1997, p.105).



A
escolha de Paris como ponto de partida desse texto não se dá somente pelo termo
Belle Époque ser de origem francesa, mas por ela representar a cidade
ideal:




[...] Paris passa, a partir do século passado, a constituir-se na cidade emblema
do conceito de metrópole, a tal ponto que a enunciação mágica de seu nome faz
com que se evoque todo o processo mais amplo que comporta e configura a ‘grande
cidade’. Para usar uma expressão da linguagem, torna-se uma parte (Paris) para
expressar o todo (a modernidade em termos urbanos) (PESAVENTO, 2002, p.24).



A Paris
desse período (XIX) é o modelo de cidade moderna, no entanto, pode-se perguntar:
não haveria no período outras cidades, como Londres, capital da potência
econômica da época, como referencial de cidades a serem utilizados?



A
cidade de Londres, como as outras capitais européias, também passava por
modificações urbanas e sociais. No entanto, compreendemos como Pesavento (2002),
que a capital francesa se constituía como a grande cidade moderna pelas
fortes representações construída sobre a cidade, tanto nas produções literárias,
quanto nas projeções urbanísticas, tornando reais as aspirações de Haussmann[8].



No
plano político, o governo de Napoleão III, líder do Segundo Império Francês, se
caracterizou pelo autoritarismo - com eleições manipuladas, controle da imprensa
etc. - pelo desenvolvimento econômico, através do fortalecimento do capital
financeiro, pelo grande crescimento industrial e pelo programa de reformas
urbanas regidas pelo prefeito de Paris.



Esse
programa se estendeu por toda a administração Haussmann à frente da prefeitura
de Paris, realizando modificações, ou mesmo, a destruição das antigas ruas
estreitas que deram lugar a avenidas grandes e largas. Ele também promoveu a
ligação dos bairros com o centro, o que destruiu muitas residências populares,
principalmente do grupo operário; além de modificar os espaços urbanos, também
cuidou da parte estética da cidade criando grandes praças arborizadas e
floridas, juntamente com grandes monumentos.



O
espírito de reformas que Napoleão III e Haussmann alimentaram ainda mais as
aspirações da burguesia de ser moderna e de que as outras nações os vissem como
modernos e os imitassem.



Os
desejos da burguesia emergente (definidos pelos discursos técnicos) do Segundo
Império Francês possuíam como necessidade a aeração, a circulação, o lazer, a
monumentalidade e o controle político-social com a finalidade de transformar as
antigas tradições sociais e da propriedade fundiária que mantinham os
parisienses presos em espaços que a qualquer momento poderiam formar barricadas
impedindo o controle da cidade pelas autoridades (MARINS, 1998).



A
Revolução de 1848 é um exemplo dos efeitos da situação social que levou a França
à crise, pois o povo, em oposição à monarquia e liderado pela burguesia (que
nesse momento estava marginalizada no poder), lutaram até que a monarquia caísse
e instauraram o Governo Provisório em 24 de fevereiro de 1848.



O medo
de novos levantes aterrorizava a burguesia que, depois de 1848, assumiu o poder
e estava receosa de que novos conflitos poderiam ser gerados nas ruelas
estreitas de Paris a qualquer momento. Esses poderiam atrapalhar a produção e
dessa forma os lucros, assim era necessário criar novas áreas urbanas regradas,
mesmo que isso significasse destruir as já existentes. Needell (1993),
comentando sobre os programas da prefeitura de Paris, diz que “ao eliminar ou
renovar potenciais centros de revolta, Haussmann adotava uma estratégia não
apenas contra-revolucionária, mas também reformista” (NEEDELL, 1993, p.51) assim
se antevia uma solução para o antigo problema da contenção popular.
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Mensagem por Hi-Tech 24/04/09, 12:47 pm


Para regulamentar as construções de habitações em Paris ocorreu a destruição das
antigas moradias, se restringindo intensamente a possibilidade de construir de
acordo com a vontade individual. Essa regulamentação mostrava a intenção de
impossibilitar o habitar pouco custoso nas principais ruas da cidade, rompendo
assim com os ambientes escuros e fechados para construir monumentos e praças,
arejando esses espaços.



Com a
ambição de alargar as ruas para poder combater possíveis barricadas como das
revoluções (1789 e 1848) e promover a saúde, houve um grande processo de
destruição das moradias populares do centro da cidade e juntamente a esse
processo houve, em paralelo, outro de construção de moradias novas de acordo com
as expectativas do governo de tornar a cidade higiênica e moderna.



Dessa
forma “a privacidade das populações parisienses deveria sujeitar-se ao interesse
‘público’, apanágio definido por outras intenções ‘privadas’ alojadas no
aparelho institucional” (MARINS, 1998, p.135).



Um dos
grandes problemas enfrentados pela população mais humilde era o abastecimento de
água, pois esse era precário, não atendendo a toda a população, além disso, o
sistema de esgoto era nulo, o que obrigava o povo a eliminar seus restos
alimentares nas ruas; isso contribuía para o desenvolvimento de doenças e
pestes. Assim, além de promover o alargamento das ruas, houve também a
construção de redes de esgoto e água potável, porém foram feitos a um custo alto
que a população mais humilde não tinha como arcar. Como conseqüência, essa massa
pobre ia se deslocando para áreas onde não houvesse impostos, pois essas seriam
mais acessíveis a esta parcela dos habitantes de Paris.



A
elite burguesa da época entendia que as habitações populares eram como
“pardieiros infectos” (PERROT, 1997), que por seu crescente desejo de
civilização e dignidade precisavam ser destruídas, formalizando, assim, um
movimento liderado por higienistas de um lado e engenheiros de outro que tinham
como objetivo, conforme a afirmação de Marcel Roncayolo: “valorizar os efeitos
do meio sobre o estado físico e moral dos homens, engajaram a observação social
e identificaram as formas da estética clássica e as regras da saúde pública”
(apud PESAVENTO, 2002, p.39).




Essas reformas urbanas e sociais almejavam uma nova cidade a qual seria
organizada, higienizada e regrada, assim ofertando a indústria um novo
homem e uma nova mulher para esse período de progressos científico-tecnológicos:
“enfim, a grande cidade é aquela que irradia a cultura, a civilização, a
novidade e a informação, onde se cruzam toda sorte de gente e atividades e onde
seu povo se caracteriza pelo que se chamaria a ‘urbanidade’ das atitudes...”
(PESAVENTO, 2002, p.59).



No
Antigo Regime o espaço de socialização era o ambiente público - a rua (ARIÈS,
1981); no novo modelo, de organização familiar, o espaço de socialização seria a
casa. Talvez o medo constante que aglomerações pudessem incitar novas revoltas
populares tenha levado o Estado a decidir por essa mudança de costumes.




O
privativo da sociedade parisiense - a família - também sofreu transformações
problemáticas de cunho social, político e jurídico. Em termos religiosos, as
missas passariam a ser direcionadas para regrar as pessoas; na política, o
divórcio era combatido e, ideologicamente, a família passou pela moralização,
modificando os antigos costumes: “a casa é o fundamento da moral e da ordem
social. É o cerne do privado, mas um privado submetido ao pai, o único capaz de
refrear os instintos, de domar a mulher” (PERROT, 1997, p.95). O Judiciário traz
mudanças para essa família, proibindo os maus tratos dos mais velhos sobre os
mais novos e tutelando as crianças que eram negligenciadas por suas famílias
(PERROT, 1997).




Demonstrando a intenção de controle social do Estado sobre o povo, este
desempenhava o papel de pai no lar, controlando as ações e os indivíduos sob sua
responsabilidade. Na falta ou negligência dos pais, o próprio Estado assumiria a
responsabilidade sobre os menores.



Assim,
o modelo de cidade emblemática exportada[9]
para o mundo foi a Paris de Haussmann[10],
que devido ao seu desenvolvimento universal tornou-se a Cidade-luz que
conseguiu
modernizar-se e higienizar-se sob a regência da ciência e da
burguesia que a promovia. Com esse processo, Paris não só se tornará referência
pelas suas reformas urbanísticas, mas também pelos magníficos relatos de
literatos que descreviam essas mudanças, como Victor Hugo e Honoré de Balzac.



Paris
é, pois, a forma acabada de realização da complexidade social e da natureza dos
contatos que só a modernidade foi capaz de propiciar, tornando-se a fonte
inspiradora de um imaginário ‘exportável’ (PESAVENTO, 2002, p.159).



Paris
se tornou a imagem de cidade que todos desejam refletir em seus interiores, uma
cidade com marcas do passado, mas também com características da nova cidade que
atendia as necessidades sem se esquecer da beleza e da racionalidade prática.
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Mensagem por Hi-Tech 24/04/09, 12:50 pm

Dessa
forma, o núcleo gerador de novos atores sociais seria regrado para apresentar à
sociedade, mulheres e homens disciplinados para a ordem e o trabalho,
para poderem trabalhar por longos períodos sem reclamar; que teriam saúde e
higiene
, sem ficarem adoentados, com asseio pessoal próprio e para com as
ferramentas e o maquinário também; e assim refletirem todos esses cuidados com
alta produtividade. A família seria a formadora e mediadora entre o
presente e o futuro almejado por essa nova sociedade.
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Mensagem por Hi-Tech 24/04/09, 12:51 pm



Referências Bibliográficas




AGULHON, Maurice. 1848, o Aprendizado da República. Tradução de Maria
Inês Rolim. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1991. 252p.



ARIÈS,
Philippe. História Social da Criança e da Família. 2° edição. Rio de
Janeiro: LTC, 1981. 279p.




AZEVEDO, Antonio Carlos do Amaral. (com colaboração de Rodrigo Lacerda)
Dicionário de nomes, termos e conceitos históricos.
3ª edição ampliada e
atualizada. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. p. 61. 430p.




BENVENUTTI, Alexandre Fabiano. Uma Cidade Suja, Feia e Desorganizada... e uma
População que Sonha em Ser Moderna. In: ______. As Reclamações do povo na
Belle Époque: a cidade em discussão na imprensa curitibana (1909-1916).

Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 2004. (Dissertação de Mestrado em
História).




BRESCIANI, Maria Stella M. Classes pobres, classes perigosas. In: _______.
Londres e Paris no século XIX: O espetáculo da pobreza.
São Paulo:
Brasiliense, 2004. p. 109-122. 128p.




HOBSBAWM, Eric J. Uma economia mudando de marcha. In: ______. A Era dos
Impérios: (1875-1914).
3ª edição. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992. p.
57-85. 546p.



______.
A Era das Revoluções (1789-1848). 21ª edição. São Paulo: Paz e Terra,
2007. 464p.



MARINS,
Paulo César Garcez. Habitação e Vizinhança: Limites da Privacidade no surgimento
da metrópole. In: NOVAIS, Fernando A. História da Vida Privada no Brasil, 3.
São Paulo: Companhia das Letras, 1998. p.131-214. 724p.



NEEDEL,
Jeffrey D. Rio de Janeiro: capital do século XIX brasileiro. In: ______.
Belle Époque tropical: Sociedade e cultura de elite no Rio de Janeiro na virada
do século.
Tradução de Celso Nogueira. São Paulo: Companhia das Letras,
1993. p. 19-73. 383p.




PAZIANI, Rodrigo Ribeiro. Um personagem na Belle Époque ribeirãopretana: Joaquim
Macedo Bittencourt, entre as redes da política e as transformações urbanas na
cidade (1902-1920). Revista Diálogos. UEM - Maringá/PR, v. 8, n. 1, p.
169-187, 2004.



PERROT,
Michelle. A Família Triunfante.


In: PERROT, Michelle; et al.


História da Vida Privada, 4: Da Revolução Francesa à Primeira Guerra.

6ª reimpressão. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. p. 93-104. 639p.



______.
Funções da Família.


In: PERROT, Michelle; et al.


História da Vida Privada, 4: Da Revolução Francesa à Primeira Guerra.

6ª reimpressão. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. p. 105-109. 639p.




PESAVENTO, Sandra Jatahy. O Imaginário da Cidade: Visões Literárias do Urbano
– Paris, Rio de Janeiro, Porto Alegre.
2ª edição. Porto Alegre: Editora da
Universidade/UFRGS, 2002. 393p.



______.
Exposições Universais: Palcos de exibição do mundo Burguês. In: PESAVENTO,
Sandra Jatahy. Exposições Universais, Espetáculo da modernidade do século
XIX.
São Paulo: HUCITEC, 1997.



SILVA,
Kalina Vanderlei; SILVA, Maciel Henrique. Dicionário de Conceitos Históricos.
São Paulo: Contexto, 2005. 439p.




ZEFERINO, Breno Martins. Modernidade e Espetáculo: O velho XIX e o novo XX. In:
______. A Inventiva Brasileira: Modernidade, Saúde e Ciência na Virada do
século XIX para o XX.
Rio de Janeiro: Casa de Oswaldo Cruz – FIOCRUZ, 2007.
(Dissertação de Mestrado em História).
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Mensagem por Hi-Tech 24/04/09, 12:53 pm

Graduado em História pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos
(UNISINOS), Graduando em Ciências Sociais pela Universidade Federal do
Rio Grande do Sul (UFRGS) e Mestrando em História Latino-Americana pela
Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). Integrante do Grupo de
Pesquisa Demografia e História do CNPq. Endereço eletrônico:

jcs.cardozo@gmail.com





Apesar da dificuldade de caracterização, se entende que burguesia é o
grupo social proprietário dos meios de produção e que utiliza o trabalho
assalariado (SILVA; SILVA, 2005).


Sobre as Exposições Universais e suas representações o livro:
Exposições Universais, Espetáculo da modernidade do século XIX
,
principalmente o capítulo: Exposições Universais: Palcos de exibição do
mundo burguês; de Sandra Pesavento (1997), traz uma qualificada
apreciação sobre o tema, mostrando que as Exposições estavam
relacionadas, basicamente, com a mostra de máquinas e produtos.












Eric Hobsbawm, em A Era das
Revoluções (1789-1848)
, apresenta um quadro qualificado sobre esse
período.





Sobre
a revolução de 1848, ver: 1848, o Aprendizado da República de
Maurício Agulhon.





Itálico como o original.





Família não é um conceito fácil de
ser definido como pode parecer, pois ela tem caráter dinâmico e
histórico; se entende que ela seja um fenômeno que transborde o
biológico, ela é uma rede de pessoas, conjuntos de bens, um nome, um
patrimônio material e simbólico herdado e/ou transmitido (SILVA; SILVA,
2005; PERROT, 1997).



Esse modelo de metrópole moderna foi gestado pelas intervenções urbanas
do Barão Georges-Eugène Haussmann que em 17 anos administrando a
prefeitura de Paris (1853-1870) transformou essa cidade em modelo
mundial para a chamada civilização e modernização.
Entendemos como Pesavento (2002) que o modelo de cidade (Paris) foi a
resposta para questões de um tempo e para uma sociedade, assim, quando
falamos sobre modelo de exportação estamos fazendo relação às idéias
desse processo como a realização de grandes obras urbanas, que
remodelariam a cidade em sua estética, e o processo de afastamento dos
pobres do centro da cidade.









Há entre os estudiosos dúvidas quanto à autoria das propostas de
modernização da cidade de Paris, mas não de que essas mudanças foram
aplicadas na administração de Haussmann na prefeitura da cidade que a
transformou em modelo de metrópole.
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